Foco na Mídia

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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O partidarismo da mídia nas eleições



O post de ontem (07/10) tratou sobre a extrema polarização que domina a sociedade durante as eleições.

O segundo turno despertou o fanatismo partidário de muitos eleitores, que até discriminam seus semelhantes pelo simples fato deles votarem no partido rival.

Esse panorama de certa forma é incentivado pela mídia, pois em época de eleição o jornalismo imparcial é deixado de lado para favorecer a candidatura de um ou outro político.

Isso vale para a Grande Imprensa, que no geral sempre apoiou os tucanos, e também para a Imprensa Alternativa, que costuma defender o PT.

Ambos setores da imprensa chegaram a um equilíbrio que vem mudando os padrões de uma sociedade naturalmente conservadora e pobre - o que é uma contradição.

Ter cidadãos de baixa renda votando em partidos de esquerda – que defendem seus interesses – é um sinal de maturidade do povo e maior compreensão política. Mas esse efeito político não é um acaso.

O surgimento da Internet revolucionou a quantidade de informações que os brasileiros recebem diariamente. Nessa revolução, apareceram outras ideologias e vozes que não chegavam ao público de forma massiva.

Os meios de comunicação progressistas tinham mais dificuldades em alcançar a sociedade, pois a mesma se informava principalmente através dos principais conglomerados de mídia do país.

E como a opinião pública está condicionada às informações oferecidas nos meios de comunicação, o panorama político era muito diferente.

O leitor era refém da cobertura política da Grande Imprensa.

Não existia contraponto das informações: o que era dito pelos principais jornais do país ia diretamente à missa.

Por isso muitos jornalistas dizem que Lula não seria eleito sem a Internet. O mesmo vale para Dilma e sua busca atual pela reeleição. Sem a mídia progressista, seria impossível encarar a forte influência que a imprensa conservadora exerce na opinião geral da sociedade.

Um exemplo: se a crise da água em São Paulo tivesse acontecido nos anos 90, a maioria dos cidadãos acreditaria que o problema é só a falta de chuvas, pois a cobertura da imprensa tradicional naturalmente induz o leitor a acreditar nessa ideia.

Com a aparição massiva da Imprensa progressista, muitos cidadãos descobriram que a Sabesp preferiu distribuir 60%dos lucros entre acionistas e que ela optou por não fazer investimentos necessários para a captação de água – decisão que criou um sistema sem segurança suficiente para adversidades.

Mas essas informações não ganham destaque na Grande Imprensa e, portanto, ficam fora do alcance de seus leitores.

Por quê? Onde foi parar o jornalismo sério que se preocupa com a opinião pública?

Acontece que no âmbito político, os jornais nunca foram totalmente neutros ou imparciais em todas suas coberturas – e quem já viu os últimos números do Manchetômetro sabe disso. Eles só se declaram apartidários para assegurar credibilidade e, dessa forma, enganam o leitor que acredita na falsa neutralidade.

A intenção da mídia em época de eleição – e em menor grau, fora dela também - é ajudar a eleger candidatos que simpatizam com seus interesses e com o modelo de governo que ela acredita ser ideal para o país.

Essa intenção continua existindo até hoje.

Mas, como dito antes, hoje a sociedade conta com mais diversidade ideológica nos formadores de opinião.

Essa maior pluralidade é benéfica para a Democracia, que se fortalece à medida que a sociedade tem mais acesso à informação diversificada.

Entretanto, considerando que cada jornal destaca informações favoráveis ao partido ou projeto de governo que defende, em quem o eleitor deve confiar na hora de formar sua opinião para não cair no fanatismo político?

A resposta é simples e vem de uma música de Renato Russo: deve confiar em si mesmo.

Conhecendo a parcialidade e o partidarismo da imprensa, o cidadão deve buscar informações diferentes para chegar próximo da verdade – ou seja, deve ler diferentes enfoques dos fatos para entender o que é realidade e o que é propaganda eleitoral da imprensa.

Como os jornais costumam condicionar as informações de acordo com suas preferências políticas, a melhor maneira de chegar à realidade e à imparcialidade real é procurar informações negativas nos jornais de oposição e as positivas nos apoiadores.

Na prática isso se aplica na busca de uma mesma informação em diferentes jornais.

Ou seja, se o assunto que interessa é o Mensalão Tucano, o leitor deve se informar pelos jornais da Imprensa Alternativa – como este ou este – e pelas informações da Grande Mídia – como esta ou esta.

Abra as notícias e repare como cada meio de comunicação enfoca o fato noticioso. Uma análise rápida dos dois irá mostrar claramente as diferentes ideologias que dominam a mídia brasileira.

Entendendo que a informação está condicionada à ideologia e acessando jornais diferentes, o leitor tem tem acesso aos enfoques parciais de um mesmo caso; e então consegue chegar mais próximo da verdade, que é sempre uma mistura entre esses diferentes pontos de vista.

Nessas eleições, onde o nível de partidarismo da Grande Imprensa e da Imprensa Alternativa é altíssimo, o cidadão deve se informar corretamente antes de decidir seu voto.

Somente com essa prática informativa é possível fugir da manipulação que surge da leitura excessiva de uma única ideologia.


Além disso, com essa conduta o leitor abre seus horizontes e adquire um conhecimento político plural e correto, ao invés de cair em erros induzidos propositalmente pelos diferentes tipos de mídia partidarista.

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