O post de ontem (07/10) tratou sobre
a extrema polarização que domina a sociedade durante as eleições.
O segundo turno despertou o
fanatismo partidário de muitos eleitores, que até discriminam seus semelhantes
pelo simples fato deles votarem no partido rival.
Esse panorama de certa forma
é incentivado pela mídia, pois em época de eleição o jornalismo imparcial é
deixado de lado para favorecer a candidatura de um ou outro político.
Isso vale para a Grande Imprensa,
que no geral sempre apoiou os tucanos, e também para a Imprensa Alternativa, que
costuma defender o PT.
Ambos setores
da imprensa chegaram a um equilíbrio que vem mudando os padrões de uma sociedade
naturalmente conservadora e pobre - o que é uma contradição.
Ter cidadãos de baixa renda
votando em partidos de esquerda – que defendem seus interesses – é um sinal de
maturidade do povo e maior compreensão política. Mas esse efeito político não é
um acaso.
O surgimento da Internet
revolucionou a quantidade de informações que os brasileiros recebem
diariamente. Nessa revolução, apareceram outras ideologias e vozes que não chegavam
ao público de forma massiva.
Os meios de comunicação progressistas
tinham mais dificuldades em alcançar a sociedade, pois a mesma se informava principalmente
através dos principais conglomerados de mídia do país.
E como a opinião pública está
condicionada às informações oferecidas nos meios de comunicação, o panorama político
era muito diferente.
O leitor era refém da
cobertura política da Grande Imprensa.
Não existia contraponto das
informações: o que era dito pelos principais jornais do país ia diretamente à
missa.
Por isso muitos jornalistas
dizem que Lula não seria eleito sem a Internet. O mesmo vale para Dilma e sua busca
atual pela reeleição. Sem a mídia progressista, seria impossível encarar a forte
influência que a imprensa conservadora exerce na opinião geral da sociedade.
Um exemplo: se a crise da
água em São Paulo tivesse acontecido nos anos 90, a maioria dos cidadãos acreditaria
que o problema é só a falta de chuvas, pois a cobertura da imprensa tradicional
naturalmente induz o leitor a acreditar nessa ideia.
Com a aparição massiva da Imprensa
progressista, muitos cidadãos descobriram que a Sabesp preferiu distribuir 60%dos lucros entre acionistas e que ela optou por não fazer investimentos necessários
para a captação de água – decisão que criou um sistema sem segurança suficiente
para adversidades.
Mas essas informações não ganham
destaque na Grande Imprensa e, portanto, ficam fora do alcance de seus
leitores.
Por quê? Onde foi parar o
jornalismo sério que se preocupa com a opinião pública?
Acontece que no âmbito político, os jornais nunca foram totalmente neutros ou imparciais em todas suas coberturas – e quem já viu os últimos números do Manchetômetro
sabe disso. Eles só se declaram apartidários para assegurar credibilidade e,
dessa forma, enganam o leitor que acredita na falsa neutralidade.
A intenção da mídia em época
de eleição – e em menor grau, fora dela também - é ajudar a eleger candidatos que
simpatizam com seus interesses e com o modelo de governo que ela acredita ser ideal
para o país.
Essa intenção continua existindo
até hoje.
Mas, como dito antes, hoje a sociedade conta
com mais diversidade ideológica nos formadores de opinião.
Essa maior pluralidade é
benéfica para a Democracia, que se fortalece à medida que a sociedade tem mais
acesso à informação diversificada.
Entretanto, considerando que
cada jornal destaca informações favoráveis ao partido ou projeto de governo que
defende, em quem o eleitor deve confiar na hora de formar sua opinião para não
cair no fanatismo político?
A resposta é simples e vem
de uma música de Renato Russo: deve confiar em si mesmo.
Conhecendo a parcialidade e
o partidarismo da imprensa, o cidadão deve buscar informações diferentes para chegar próximo da verdade – ou seja, deve ler diferentes
enfoques dos fatos para entender o que é realidade e o que é propaganda
eleitoral da imprensa.
Como os jornais costumam condicionar
as informações de acordo com suas preferências políticas, a melhor maneira de
chegar à realidade e à imparcialidade real é procurar informações negativas nos
jornais de oposição e as positivas nos apoiadores.
Na prática isso se aplica na
busca de uma mesma informação em diferentes jornais.
Ou seja, se o assunto que
interessa é o Mensalão Tucano, o leitor deve se informar pelos jornais da
Imprensa Alternativa – como este ou este – e pelas informações da Grande
Mídia – como esta ou esta.
Abra as notícias e repare como cada meio de comunicação enfoca o fato noticioso. Uma análise rápida dos dois
irá mostrar claramente as diferentes ideologias que dominam a mídia brasileira.
Entendendo que a informação está condicionada à ideologia e acessando jornais diferentes, o leitor tem tem acesso aos enfoques parciais de um mesmo caso; e então consegue
chegar mais próximo da verdade, que é sempre uma mistura entre esses diferentes
pontos de vista.
Nessas eleições, onde o
nível de partidarismo da Grande Imprensa e da Imprensa Alternativa é altíssimo,
o cidadão deve se informar corretamente antes de decidir seu voto.
Somente com essa prática
informativa é possível fugir da manipulação que surge da leitura excessiva de
uma única ideologia.
Além disso, com essa conduta
o leitor abre seus horizontes e adquire um conhecimento político plural e
correto, ao invés de cair em erros induzidos propositalmente pelos diferentes
tipos de mídia partidarista.
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