O cidadão brasileiro, no
geral, tem uma profunda aversão pelas práticas corruptas.
O limitado conhecimento
político geral do povo, a ineficiência do Estado em oferecer serviços públicos e
as altas taxas de impostos motivam as pessoas a dar especial atenção à
corrupção quando o assunto é Política nacional.
Por isso muitos ataques
pessoais têm resultados políticos mais eficientes que explicações econômicas
complexas.
O cidadão não entende como
um país pode ter serviços públicos tão precários enquanto paga altas taxas
tributárias. Precisa de uma explicação para entender essa situação.
E a corrupção aparece para
levar toda culpa, sendo que a má administração e a falta de planejamento e de
previsão também costumam criar muitos gastos a mais na administração pública.
Independente desses fatores,
existe um sentimento de repugnância em relação ao político que se relaciona com
uso indevido do dinheiro público.
E como no capitalismo uns
choram e outros vendem lenços de papel, políticos e jornais usam esse
sentimento do povo como arma política para afetar adversários.
Dando mais atenção à
corrupção de um partido ou político específico, a “imparcial” imprensa, que
conta com a confiança da sociedade, induz as pessoas a acreditarem que uns
políticos são menos ou mais corruptos que outros.
Fazem isso de acordo com
suas próprias convicções políticas, dando uma ajuda aos partidos que apoiam e
incomodando os que se opõem.
Assim sendo, quem só lê os
jornais da Grande Imprensa – O Globo, Folha de S. Paulo, Estadão e Veja, por
exemplo -, no geral acredita que o Partido dos Trabalhadores é o partido mais
corrupto do Brasil.
Por outro lado, quem só lê
publicações da Imprensa Alternativa – Carta Capital, Caros Amigos, Brasil 247 e
Revista Fórum, por exemplo – provavelmente enxerga mais corrupção no partido
tucano.
É uma consequência da
credibilidade, do enfoque parcial e da imposição de uma agenda informativa pelo
lado neoliberal.
Como os conservadores
possuem os jornais de maior audiência no Brasil, a formação da agenda
informativa, que define qual tema é atual, é praticamente neoliberal.
Por isso a maioria das
pessoas tem a tendência de achar que o PT é o partido mais corrupto do Brasil.
Eles não encontraram nenhum grande jornal que afirme o contrário.
Consequentemente, o discurso
anti-petista costuma ser uma variante do que diz a Grande Imprensa, que também
exerce oposição ao PT, apesar de pontualmente publicar informações
desfavoráveis aos tucanos.
Inflação, dinheiro em Cuba
“mal explicado”, corrupção... O discurso contra o PT sai nas capas dos grandes
jornais diariamente e os cidadãos o adaptam aos seus gostos, opiniões, valores,
etc.
Os jornais da Grande
Imprensa mantêm em voga certos temas “cabeludos” para os progressistas
enquanto colocam na geladeira assuntos negativos para o PSDB.
Essa “estratégia” é visível,
por exemplo, na cobertura dos dois Mensalões – o petista e o tucano. O primeiro
ganhou um espaço especial na versão digital da Folha de S. Paulo e rendeu matérias longuíssimas em praticamente
todos os grandes jornais do país.
O segundo não mereceu mais
do que notícias soltas e um ou outro destaque momentâneo. Consequentemente, a população critica muito mais o escândalo petista que o tucano.
A velocidade da Era
Digital cria amnésia nae exige que um tema seja tratado diversas vezes para ser
considerado dentro da opinião pública. Os meios de comunicação fazem isso para dar mais eco a um ou outro escândalo de corrupção.
Dessa forma a sociedade
tende a perceber muito mais o Mensalão petista que o mineiro – nome usado pela
imprensa para designar o escândalo dos tucanos.
Claro que os meios de comunicação progressistas também atuam de forma similar, mas do outro lado. Ainda mais em época de eleições.
A diferença de audiência implica um outro nível de influência dos progressistas na sociedade. Mas as práticas se repetem em menor escala.
A diferença de audiência implica um outro nível de influência dos progressistas na sociedade. Mas as práticas se repetem em menor escala.
É questão de ideologia e de
enfoque.
Não é possível pedir que os
jornais apresentem os fatos de uma forma diferente, pois, além de ser a visão
do mundo deles, os mesmos mantém a linha da veracidade e não costumam afetar os
direitos de terceiros.
Qualquer reclamação nesse
sentido teria o efeito inverso, pois é mais grave criticar e cercear a
publicação de um jornal que se defender de alguma forma.
Porém, é necessário alertar
os cidadãos de que a imprensa é partidária. Ela é um verdadeiro ator político –
basta lembrar que esses mesmos grandes jornais ajudaram a acabar com a
Democracia na metade do século passado; eles têm um poder de influência enorme
na sociedade.
Por isso é desleal declarar
um apartidarismo que não existe. O Grupo Globo é um dos conglomerados mais
neoliberais do Brasil, mas a Seção I, letra “i” de seus Princípios Editoriais
diz claramente que é “apartidário”.
Ora, enganam o leitor
descaradamente!
A chegada da Internet quebrou um pouco esse
modelo. Pois a imprensa alternativa realiza o contraponto informativo que,
além de desmascarar o partidarismo da Grande Imprensa, também oferece outros
pontos de vista dos fatos.
Porém, a balança da
informação tem muito mais peso no lado conservador. A desconcentração de
audiência no Brasil só acontecerá a longo-prazo se forem realizadas algumas
medidas econômicas que regularize o estabelecido na Constituição e limitem o
oligopólio existente nos meios de comunicação.
Até lá a Grande Imprensa vai
ditar quais temas merecem atenção e quais devem ser rapidamente esquecidos para
favorecer certos projetos políticos que compactuam com seus interesses.
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