Foco na Mídia

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terça-feira, 7 de outubro de 2014

A “nojenta” polarização das eleições no Facebook

Tweet discriminatório dessa semana

As eleições de 2014 no Brasil já bateram todos os recordes do Facebook.

Antes mesmo do primeiro turno, a disputa eleitoral brasileira já tinha superado a Índia em valor registrado. Desde o dia 5 de julho, início do processo eleitoral, a rede social registrou 346 milhões de intervenções sobre o tema, que foram feitas por mais de 4 milhões de pessoas em todo país. Uma conquista para esse gigante latino-americano chamado Brasil.

Porém, o que chamou atenção desde o começo da disputa do segundo turno não foram esses números, mas sim a onda de intolerância e preconceito que as redes sociais protagonizam.

O Brasil hoje vive uma campanha política baseada em ataques, tendência que já criou um ambiente de Guerra Fria entre Norte/Nordeste e Sul/Sudeste – ou seja, entre eleitores da Dilma e do Aécio.

Considerando as preferências políticas dessas regiões do Brasil, os eleitores começaram a se discriminar mutuamente. Enquanto os conservadores insultam os nordestinos, os progressistas atacam os paulistas – com menos agressividade, mas não deixa de ser um ataque.

Essa prática surge por duas razões: o rechaço absoluto pelas ideias dos rivais e o orgulho em defender um determinado projeto de governo.

E ambas provêm diretamente do fanatismo partidário.

Essas posturas de apoio incondicional e oposição desenfreada criam eleitores cegos, limitando-os a certas ideias subjetivas que têm uma base de realidade, mas que também subestimam a complexidade da mesma ao propor somente visões parciais e partidaristas.

Ou seja, a polarização dessas eleições chegou a um nível em que tucanos e petistas declarados atingiram massivamente o fanatismo político, onde o partido que apoiam é “perfeito” e o rival “só tem defeitos”.

A mídia no geral também contribui para a difusão desse sentimento, pois ela também está polarizada.

Quem só lê meios de comunicação de uma mesma visão ideológica, automaticamente começa a identificar as ideias rivais e passa a odiá-las – sentimento que nunca é positivo para ninguém.

E isso serve tanto para os leitores da Grande Imprensa como os da Imprensa Alternativa.

A primeira sempre promoveu a visão de que o Bolsa Família só serve para "comprar" votos para os petistas - visão limitada e partidarista - e a segunda sempre mostrou que os conservadores são preconceituosos e tendem a ignorar as necessidades de seu próprio povo - conclusão subjetiva que não corresponde com a complexidade da realidade.

O rechaço pelo projeto rival e o ataque ideológico existem em ambos os pontos de vista e são constantemente transmitidos ao leitor, que pode chegar ao fanatismo partidário caso não tenha doses de equilíbrio e de bom senso.

A realidade sempre será uma mistura contrastada e comprovada entre os diversos pontos de vista presentes na sociedade - as pessoas são tão subjetivas que é necessária uma visão geral para chegar a conclusões reais.

Ninguém é tão ruim a ponto de não oferecer nada positivo ao país e ninguém é tão bom a ponto de não cometer erros.

Os dois modelos de governo propostos nesse segundo turno não oferecem a glória ou a devastação total do Brasil. São simplesmente projetos diferentes, cada um com suas virtudes e defeitos, assim como todo ser humano.

Um deles é mais voltado aos ricos enquanto o outro é dirigido aos pobres. Pronto.
Cada classe social vota de acordo com seus interesses próprios.

Os ricos votam em quem lhes favorece, e o mesmo ocorre com os pobres. Qual é a dificuldade de entender isso sem ódio no coração?

Cada um tem suas preferências e elas devem ser respeitadas em qualquer Democracia.

O orgulho cego e o fanatismo partidário só segregam o país e aumentam a discriminação dos coletivos da sociedade.

É necessário equilíbrio e respeito para não acreditar – e difundir – visões preconceituosas do mundo.

Quem vota no PT não é necessariamente um ignorante, como sugeriu FHC. É uma pessoa que da mais importância aos interesses dos pobres que aos dos ricos, pois o Governo Dilma desfavorece o mercado para conseguir conquistas sociais que nunca existiram no Brasil.

Por outro lado, quem vota no PSDB não é necessariamente um conservador preconceituoso. É uma pessoa que se importa mais com o interesse das classes favorecidas do que com as ajudas sociais de parte da população, pois Aécio favorece quem tem mais oportunidades na meritocracia.

O resto são conclusões subjetivas limitadas que, como dito antes, têm uma base real, mas incompleta, pois contém altas doses de paixão partidarista.

Esse fanatismo só divide o país e favorece o radicalismo político que limita o debate democrático e cega a sociedade diariamente.

O respeito, a compreensão e o desejo de melhora geral são valores que convencem eleitores e dão mais qualidade ao debate democrático formando cidadãos politicamente cultos e não máquinas de difundir ideias preconcebidas e manipuladoras.

Então se você é eleitor da Dilma e não suporta seus amigos "coxinhas", faça um esforço extra para respeitá-los e para mostrar seu ponto de vista sem fazer juízos de valor que só limitam seu próprio conhecimento.

E se você é eleitor do Aécio e não suporta os "esquerdistas", faça também um esforço para entender outras ideologias que tornam o exercício Democrático mais completo e diferenciado. Não julgue para não ser julgado.

Estudem, encontrem fundamento para suas crenças e debata com nível.

Essa radicalização de ataques na disputa eleitoral só atrapalha o consenso entre partidos e aumenta essa polarização que tanto limita o conhecimento político dos cidadãos.

Discutir, debater e aceitar posições diferentes estabilizam a Democracia e criam eleitores conscientes.

Atacar, discriminar e fazer juízos de valor sem boas intenções são práticas dignas de Ditadura que devem ser imediatamente extirpadas da sociedade para dar lugar a ações que valham a pena de verdade.

Fica a dica.

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