Foco na Mídia

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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Quem os jornais da Grande Imprensa apoiam?

Faltando quase dez dias para as eleições, o segundo turno terá, pela primeira vez, duas mulheres na disputa. Os jornais já se posicionaram nessa reta final e os apoios estão mais ou menos claros, de acordo com o meio de comunicação.

É muito importante avisar que essa análise é subjetiva, assim como todas as outras, e que nela estão expostas considerações gerais do autor que não necessariamente correspondem com a realidade diaria das redações brasileiras.

Entendido isso, é possível começar a analisar as relações políticas dos principais jornais do país.

A revista Veja e seu tradicional ódio pela esquerda aceitou em parte o projeto de Marina e passa a vê-la como uma esperança de tirar o PT do poder, apesar das dúvidas que tem em algumas questões do programa marinista. A ideia “bolivariana” – segundo a Veja – de aplicar os conselhos populares proposto por Dilma é uma das questões que cria perguntas na Editora Abril.

Porém, isso é uma questão que será resolvida mais adiante. O foco primário é derrubar o PT. A revista mantém o ataque em suas publicações – como vocês podem ver na análise da capa deste mês -, buscando minar a candidatura petista - sem muitas conquistas, claro, pois quem vota no PT nunca escutou a revista Veja.

Por outro lado, continua acreditando em Aécio, principalmente depois que o mesmo subiu 4 pontos na última pesquisa encomendada pela Rede Globo. Por isso continua dizendo em suas publicações que o candidato tucano é sério, ético e comprometido com a sociedade. Manterá essa postura até o final, quando o povo decida quem irá ao segundo turno.
Por outro lado, boatos afirmam que o conselho editorial da editora pediu para que colunistas como Reinaldo Azevedo parassem de publicar artigos desfavoráveis a Marina, afinal de contas, melhor uma ex-petista com toques neoliberais, e evangélicos que o PT em si.

Então a regra na Veja vem do famoso “quem não tem cão, caça com gato”. Se a revista não conseguir eleger Aécio presidente, pelo menos ajudará a tirar o PT do poder. Feito isso, seria o começo de outro país. No segundo turno a Veja apoia a candidatura de Marina.

O jornal conservador que olha Marina com mais desconfiança é o conservador O Estado de S. Paulo. No editorial publicado há quase um mês atrás, chamado “A candidata impõe medo”, o diário paulista prova que ele mesmo teme uma possível vitória da Marina. O texto diz que Marina não tem condições de criar uma equipe de governo para tocar o “dia a dia”. 

O acidente de Campos não mudou a posição do jornal. A regra é manter a linha de antes. Muitas manchetes negativas para a presidenta Dilma e poucas manchetes, mas no geral positivas, para Aécio Neves. O Estadão mostra, com isso, que é um dos poucos jornais que não mudaram no período eleitoral. Declarou que apoiava a campanha de José Serra em 2010 e, apesar de não ter declarado nada nessas eleições, não esconde sua preferência por Aécio Neves ao publicar principalmente ataques à Marina e ao PT. Mantém sua tradição tucana e sua postura crítica às medidas e às ideias petistas – e agora marinistas também.

Apesar da oposição que vem exercendo a Marina, provavelmente vai apoiar sua candidatura no segundo turno, quando o projeto de governo da candidata vai estar mais definido.

O carioca O Globo é uma mistura entre a opinião da Veja e a preferência política do Estadão. Ele mantém sua tradicional linha crítica ao PT – publicando diariamente notícias negativas relacionadas com a gestão petista nos diversos âmbitos – e deixa claro que ainda apoia Aécio, principalmente analisando as declarações de seus colunistas: Merval Pereira, por exemplo, declarou recentemente que ainda confia no Aécio.
Por outro lado, não vê Marina com maus olhos. Pelo contrário! O jornal em ocasiões a defende diante de ataques da campanha petista. 

Pelo visto, a ideia é tirar o PT do poder mesmo, qualquer um que apareça no lugar será melhor, principalmente porque Marina e Aécio têm propostas neoliberais na economia, o que agrada muito os tucanos das Organizações Globo.

O maior conglomerado de imprensa da América Latina se destacou realizando entrevistas com os presidenciáveis. Nelas, os âncoras dos telejornais globais adotaram posturas agressivas diante dos candidatos. Isso diz mais da busca por credibilidade da Globo que pretensão por um jornalismo sério.

Não é possível discordar que a Globo assumiu uma postura apartidária nessas entrevistas, pois todos os candidatos foram recebidos com perguntas cabeludas nos estúdios, mas não é difícil concluir que as entrevistas pouco acrescentaram ao debate de ideias. As entrevistas se basearam em tocar assuntos delicados para transmitir o falso apartidarismo da Globo nessa época em que a crítica e dinâmica Internet domina a informação mundial.

Por outro lado, observando o histórico e a atual cobertura política do jornal O Globo, é fácil concluir que o Governo de Dilma continua sendo visto de maneira hostil. O jornal publica diariamente notícias ruins em sua manchete principal, enquanto continua deixando de lado os assuntos negativos de outros candidatos – não explorou ao máximo o aeroporto de Aécio Neves, nem a participação do PSB no novo escândalo da Petrobrás, por exemplo.

Com certeza vai apoiar Marina no segundo turno.

Para terminar, aparece um jornal da Grande Imprensa que vem apoiando a candidatura de Marina. A cobertura política da Folha de S. Paulo vem “comprando algumas brigas” da Marina. Denuncia os ataques dos adversários e publica declarações da candidata. É difícil reconhecer uma postura clara no jornal, pois sua incessante busca por imparcialidade o levaram a implantar a ideia de ser parcial de forma alternada. Ou seja, publicando alternadamente informações positivas, negativas e neutras sobre todos os candidatos, a Folha busca atingir a imparcialidade.

Isso é perceptível quando consideramos a postura que o jornal vem tomando com os escândalos de corrupção. Denunciou o aeroporto de Aécio Neves e deu eco às denúncias da Petrobrás publicadas pela revista Veja. Com isso, o leitor fica confuso, pois não sabe se a Folha é petista, se tucana ou marinista – ao ler os comentários do jornal aparecem rapidamente aqueles que denunciam o “petismo” da Folha ou o “tucanismo”. O fato é que a parcialidade alternada não afeta Marina, cujas publicações são de teor positivo.

Por exemplo: a Folha vem tornando público o jogo político de desconstruir a imagem de um candidato – Marina, no caso. Avisando os leitores que o PT e o PSDB vão optar por esse caminho na campanha, a Folha “prepara” o eleitor para os ataques pessoais. Dessa forma ela tira credibilidade dessa investida, o que supõe ganho político para a candidata.

Por outro lado, para a Folha, Aécio Neves já é um assunto do passado. O jornal transmite isso quando trata sobre as últimas pesquisas eleitorais. Durante a semana passada publicou diversas notícias que demonstravam a preocupação dos tucanos com as pesquisas eleitorais. Perder o segundo turno parece um grande fiasco, uma tragédia que a Folha já considera provável.

Tendo isso em mente, o jornal aproveita a onda de Marina para ajuda-la a crescer. Seu apoio não mudará no segundo turno.

CONCLUSÃO: sem dúvida os quatro meios de comunicação analisados apoiarão Marina em um eventual segundo turno com Dilma. A aversão pelo intervencionismo petista evita que os jornais ofereçam apoio político ao PT. Tucanos e Marinistas se unirão no segundo turno para derrubar o PT e teremos uma das disputas mais acirradas dos últimos anos. Os atores já estão definidos e os candidatos também. Dia 5 de outubro é a vez do grande protagonista – o povo – decidir quem está mais forte na disputa pela Presidência do Brasil.

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