Faltando quase dez dias para as eleições, o segundo turno terá, pela primeira
vez, duas mulheres na disputa. Os jornais já se posicionaram nessa reta final e
os apoios estão mais ou menos claros, de acordo com o meio de comunicação.
É muito importante avisar que essa análise é subjetiva, assim como todas as outras, e que nela estão expostas considerações gerais do autor que não necessariamente correspondem com a realidade diaria das redações brasileiras.
Entendido isso, é possível começar a analisar as relações políticas dos principais jornais do país.
É muito importante avisar que essa análise é subjetiva, assim como todas as outras, e que nela estão expostas considerações gerais do autor que não necessariamente correspondem com a realidade diaria das redações brasileiras.
Entendido isso, é possível começar a analisar as relações políticas dos principais jornais do país.
A
revista Veja e seu
tradicional ódio pela esquerda aceitou em parte o projeto de Marina e passa a
vê-la como uma esperança de tirar o PT do poder, apesar das dúvidas que tem em
algumas questões do programa marinista. A ideia “bolivariana” – segundo a Veja –
de aplicar os conselhos populares proposto por Dilma é uma das questões que
cria perguntas na Editora Abril.
Porém,
isso é uma questão que será resolvida mais adiante. O foco primário é derrubar
o PT. A revista mantém o ataque em suas publicações – como vocês podem ver na
análise da capa deste mês -, buscando minar a candidatura petista - sem muitas
conquistas, claro, pois quem vota no PT nunca escutou a revista Veja.
Por
outro lado, continua acreditando em Aécio, principalmente depois que o mesmo
subiu 4 pontos na última pesquisa encomendada pela Rede Globo. Por isso
continua dizendo em suas publicações que o candidato tucano é sério, ético e
comprometido com a sociedade. Manterá essa postura até o final, quando o povo
decida quem irá ao segundo turno.
Por
outro lado, boatos afirmam que o conselho editorial da editora pediu para que
colunistas como Reinaldo Azevedo parassem de publicar artigos desfavoráveis a
Marina, afinal de contas, melhor uma ex-petista com toques neoliberais, e
evangélicos que o PT em si.
Então
a regra na Veja vem do famoso “quem não tem cão, caça com gato”. Se a revista
não conseguir eleger Aécio presidente, pelo menos ajudará a tirar o PT do
poder. Feito isso, seria o começo de outro país. No segundo turno a Veja apoia
a candidatura de Marina.
O
jornal conservador que olha Marina com mais desconfiança é o conservador O Estado de S. Paulo. No
editorial publicado há quase um mês atrás, chamado “A candidata impõe medo”, o diário
paulista prova que ele mesmo teme uma possível vitória da Marina. O texto diz
que Marina não tem condições de criar uma equipe de governo para tocar o “dia a
dia”.
O
acidente de Campos não mudou a posição do jornal. A regra é manter a linha de
antes. Muitas manchetes negativas para a presidenta Dilma e poucas manchetes,
mas no geral positivas, para Aécio Neves. O Estadão mostra, com isso, que é um
dos poucos jornais que não mudaram no período eleitoral. Declarou que apoiava a
campanha de José Serra em 2010 e, apesar de não ter declarado nada nessas
eleições, não esconde sua preferência por Aécio Neves ao publicar principalmente
ataques à Marina e ao PT. Mantém sua tradição tucana e sua postura crítica às
medidas e às ideias petistas – e agora marinistas também.
Apesar
da oposição que vem exercendo a Marina, provavelmente vai apoiar sua
candidatura no segundo turno, quando o projeto de governo da candidata vai
estar mais definido.
O
carioca O Globo é uma mistura
entre a opinião da Veja e a preferência política do Estadão. Ele mantém sua
tradicional linha crítica ao PT – publicando diariamente notícias negativas
relacionadas com a gestão petista nos diversos âmbitos – e deixa claro que
ainda apoia Aécio, principalmente analisando as declarações de seus colunistas:
Merval Pereira, por exemplo, declarou recentemente que ainda confia no Aécio.
Por
outro lado, não vê Marina com maus olhos. Pelo contrário! O jornal em ocasiões
a defende diante de ataques da campanha petista.
Pelo
visto, a ideia é tirar o PT do poder mesmo, qualquer um que apareça no lugar
será melhor, principalmente porque Marina e Aécio têm propostas neoliberais na
economia, o que agrada muito os tucanos das Organizações Globo.
O
maior conglomerado de imprensa da América Latina se destacou realizando entrevistas
com os presidenciáveis. Nelas, os âncoras dos telejornais globais adotaram
posturas agressivas diante dos candidatos. Isso diz mais da busca por
credibilidade da Globo que pretensão por um jornalismo sério.
Não
é possível discordar que a Globo assumiu uma postura apartidária nessas
entrevistas, pois todos os candidatos foram recebidos com perguntas cabeludas
nos estúdios, mas não é difícil concluir que as entrevistas pouco acrescentaram
ao debate de ideias. As entrevistas se basearam em tocar assuntos delicados
para transmitir o falso apartidarismo da Globo nessa época em que a crítica e
dinâmica Internet domina a informação mundial.
Por
outro lado, observando o histórico e a atual cobertura política do jornal O Globo,
é fácil concluir que o Governo de Dilma continua sendo visto de maneira hostil.
O jornal publica diariamente notícias ruins em sua manchete principal, enquanto
continua deixando de lado os assuntos negativos de outros candidatos – não explorou
ao máximo o aeroporto de Aécio Neves, nem a participação do PSB no novo escândalo
da Petrobrás, por exemplo.
Com
certeza vai apoiar Marina no segundo turno.
Para
terminar, aparece um jornal da Grande Imprensa que vem apoiando a candidatura
de Marina. A cobertura política da Folha
de S. Paulo vem “comprando algumas brigas” da Marina. Denuncia os
ataques dos adversários e publica declarações da candidata. É difícil
reconhecer uma postura clara no jornal, pois sua incessante busca por
imparcialidade o levaram a implantar a ideia de ser parcial de forma alternada.
Ou seja, publicando alternadamente informações positivas, negativas e neutras
sobre todos os candidatos, a Folha busca atingir a imparcialidade.
Isso
é perceptível quando consideramos a postura que o jornal vem tomando com os
escândalos de corrupção. Denunciou o aeroporto de Aécio Neves e deu eco às
denúncias da Petrobrás publicadas pela revista Veja. Com isso, o leitor fica
confuso, pois não sabe se a Folha é petista, se tucana ou marinista – ao ler os
comentários do jornal aparecem rapidamente aqueles que denunciam o “petismo” da
Folha ou o “tucanismo”. O fato é que a parcialidade alternada não afeta Marina,
cujas publicações são de teor positivo.
Por
exemplo: a Folha vem tornando público o jogo político de desconstruir a imagem
de um candidato – Marina, no caso. Avisando os leitores que o PT e o PSDB vão
optar por esse caminho na campanha, a Folha “prepara” o eleitor para os ataques
pessoais. Dessa forma ela tira credibilidade dessa investida, o que supõe ganho
político para a candidata.
Por
outro lado, para a Folha, Aécio Neves já é um assunto do passado. O jornal
transmite isso quando trata sobre as últimas pesquisas eleitorais. Durante a
semana passada publicou diversas notícias que demonstravam a preocupação dos
tucanos com as pesquisas eleitorais. Perder o segundo turno parece um grande
fiasco, uma tragédia que a Folha já considera provável.
Tendo
isso em mente, o jornal aproveita a onda de Marina para ajuda-la a crescer. Seu
apoio não mudará no segundo turno.
CONCLUSÃO: sem dúvida os quatro meios de
comunicação analisados apoiarão Marina em um eventual segundo turno com Dilma.
A aversão pelo intervencionismo petista evita que os jornais ofereçam apoio
político ao PT. Tucanos e Marinistas se unirão no segundo turno para derrubar o
PT e teremos uma das disputas mais acirradas dos últimos anos. Os atores já
estão definidos e os candidatos também. Dia 5 de outubro é a vez do grande
protagonista – o povo – decidir quem está mais forte na disputa pela
Presidência do Brasil.
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