Foco na Mídia

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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

As técnicas de manipulação da última capa da Veja

Capa da revista Veja divulgada ontem (23/10)

A estratégia da Grande Imprensa para repercutir acusações dignas de mesa de bar é conhecida.

A Veja publica uma “denúncia” - baseada no disse-que-me-disse e os diversos jornais da Grande Imprensa dão eco às informações usando como fonte... a própria Veja.

Até esse ponto não há grandes problemas, pois alguns casos reais de corrupção podem e já foram desvendados nesse sistema.

Mas a falta de ética com o jornalismo é uma realidade da revista e as intenções partidárias da mesma é latente há muito tempo.

A manipulação é algo quase natural na comunicação midiática, pois o fator humano normalmente limita a capacidade de neutralizar as informações a ponto de atingir a tão sonhada objetividade total.

Assim sendo, a mídia no geral mostra a realidade como um espelho quebrado: a imagem é similar, mas não passa de uma réplica, uma apresentação artificial da realidade, que pode ou não corresponder com os fatos reais. Dependendo da qualidade e das intenções do jornalista, o espelho estará mais ou menos quebrado.

Sendo assim, é possível atingir a neutralidade total através do esforço e da pura vontade de informar sem pretender induzir o leitor a acreditar em algo.

Mas a revista Veja perdeu essa intenção há muito tempo.

A manipulação hoje é algo normal nas revistas semanais do Brasil – publicações como Época, Carta Capital e a própria Veja apresentam um alto grau de partidarismo, que de uma forma ou de outra induz o leitor a acreditar no ponto de vista da publicação.

Às vezes essa manipulação acontece involuntariamente, devido à falta de experiência ou de entendimento dos efeitos da comunicação realizada – que é o caso, por exemplo, da Sheherazade e o menino do poste, pois a jornalista não entende até hoje como suas palavras possam ter incentivado a violência.

Porém, o que a Veja fez na capa publicada ontem (23/10) superou o partidarismo e chegou ao nível de manipulação descarada e especialmente dirigida à induzir o leitor a acreditar em um determinado ponto de vista através de técnicas jornalísticas que fogem absolutamente da mínima isenção exigida aos meios de comunicação.

A capa, que induz o leitor a acreditar que “Lula e Dilma sabiam de tudo”, oculta fatos, distorce a realidade através da seleção descontextualizada de informações, dá extrema relevância a versões não confirmadas, destaca a opinião frente à informação e privilegia a apresentação estética dos fatos, deixando o conteúdo em segundo plano.

Os resultados dessas técnicas de manipulação são desastrosos na mente de quem concede à Veja um mínimo de credibilidade.

A forma básica de manipulação da revista, que é a mistura entre informação e opinião, naturalmente induz o leitor a acreditar nos juízos de valor dos jornalistas da Editora Abril.

Ou seja, quando a revista mistura a opinião dos jornalistas com os fatos objetivos da realidade, os leitores se confundem e incorporam a visão do mundo, a ideologia e a versão dos profissionais da comunicação ao seu próprio entendimento da realidade. Com isso, os leitores viram meros bonecos nas mãos dos jornalistas, pois os juízos de valor da revista ganha mais importância que a realidade.

A revista semanal também utiliza outras técnicas de manipulação para fazer os leitores acreditarem no que ela quer – e ela sempre espera que as pessoas vejam o mundo com seu tradicional ponto de vista neoconservador que se opõe a qualquer referência progressista.

A descontextualização dos fatos é uma técnica básica para qualquer tipo de manipulação.

Quando a Veja apresenta certos detalhes dos fatos sem mostrar o contexto geral, que inclui, por exemplo, o suposto envolvimento não confirmado de tucanos – como Sergio Guerra – no escândalo de corrupção que foi batizado de Petrolão, o leitor acredita equivocadamente que somente o PT e outros partidos participaram das práticas corruptas da Petrobrás, visão que não corresponde com a realidade.

Dessa forma os leitores são literalmente enganados; levados a acreditar em um ponto de vista que corresponde somente com os interesses mesquinhos e egoístas de uma das maiores revistas da América Latina.

E tem mais.

Quando a revista dá extrema relevância a fatos não confirmados – como a acusação de que Lula e Dilma “sabiam de tudo” -, o leitor que acredita nessas palavras macabras é induzido a incorporar mentiras ou versões fantasiosas da realidade.

Com isso, o que ele recebe é discurso panfletário que distorce sua opinião; nada diferente do que aparece nos mentirosos e parciais horários eleitorais gratuitos. E essa apresentação dos fatos não é jornalismo, mas sim pura descontrução de imagem, algo feito por políticos para afetar adversários. 

Para completar, na falta de conteúdo fundamentado que prove as acusações publicadas, a revista Veja dá destaque à apresentação estética das informações colocando uma capa extremamente subjetiva e emocional que motiva o leitor a esquecer a razão e o bom-senso para simplesmente acreditar cegamente no que os jornalistas querem.

Em outras palavras, ao apresentar as informações com uma chamada na capa em que Lula e Dilma aparecem com cara feia em um cenário negro e sombrio, a Veja minimiza o conteúdo – que não passa de uma acusação simples e não confirmada - e consegue a confiança do leitor através da emoção pura.

Dessa forma, os jornalistas da Editora Abril conseguem formar uma seita, uma legião de leitores raivosos que não pensam, só reproduzem as palavras rancorosas e mal-intencionadas da revista.

A manipulação se completa quando a verdade aparece e é apresentada timidamente pelos principais meios de comunicação do país.

Nessa altura o estrago já está feito e poucos têm interesse em revertê-lo.

Acontece que, para esses meios de comunicação, a verdade não cria os efeitos políticos da mentira. E, como uma mentira dita muitas vezes vira verdade, principalmente quando a primeira ganha mais destaque e atenção que a segunda, a realidade fica em segundo plano e o que aparece é uma visão distorcida e manipuladora.

É por essas e outras que a revista Veja hoje representa o fim da ética no jornalismo

Não há vontade de melhorar o debate democrático.

Não há nenhuma intenção de esclarecer o leitor.

Não há nada positivo.

Esse esclarecimento dos cidadãos limita a capacidade de manipulação da revista Veja.

E sem essa manipulação, sem mentiras e sem técnicas jornalísticas de lavagem cerebral, a revista não pode realizar seu trabalho informativo-emocional-irracional de uma forma que induza o leitor a fazer exatamente aquilo que ela quer.

Sem dúvida a revista ultrapassou todos os limites com essa capa que demonstra claramente suas verdadeiras intenções.

A revista quer Aécio no poder, e, no desespero causado pelos maus resultados das pesquisas, aceitou usar diversas técnicas de manipulação para favorecer a candidatura do tucano. Iria até o inferno se fosse preciso.

O chilique da revista é tão desesperado, que logo depois da publicação da capa na Internet, Reinaldo Azevedo gravou um vídeo para a JovemPan dizendo que a capa da Veja é motivo suficiente para realizar um Impeachment na Dilma, caso ela seja reeleita.

Dilma, por outro lado, denunciou às más-intenções da Revista Veja em um vídeo gravado hoje e afirmou: “darei minha resposta à eles na Justiça”.

Com a Internet, pouco a pouco a revista vai perder credibilidade, pois a mentira tem perna curta na rede.

E para os cidadãos esclarecidos, é melhor ter dó que raiva dessas pessoas. A dó provém da compaixão e permite o esclarecimento daqueles que ainda dão credibilidade a uma revista extremamente anti-ética. Enquanto a raiva só faz mal a quem a sente e atrapalha o trabalho de reeducação dos cidadãos manipulados.

Os neoconservadores da Editora Abril merecem ser denunciados, desmascarados, punidos e posteriormente deixados de lado por todos, pois o que fizeram agora não é digno de compreensão, nem de aceitação.

É puro terrorismo midiático e deve ser desmascarado para não fazer mais estrago do que já fez durante toda sua existência.

Um comentário:

  1. Triste ver a população cair na lábia dessa revista. Até parece que o único interesse dessa revista é informar a população de qualquer escândalo, senão o de fazer politicagem!

    Esta claro que a veja e pro-PSDB.

    Lamentável ver esse tipo de 'jornalismo' de quinta em nosso país.

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