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As eleições de 2014 no
Brasil já bateram todos os recordes do Facebook.
Antes mesmo do primeiro
turno, a disputa eleitoral brasileira já tinha superado a Índia em valor registrado. Desde
o dia 5 de julho, início do processo eleitoral, a rede social registrou 346
milhões de intervenções sobre o tema, que foram feitas por mais de 4 milhões de
pessoas em todo país. Uma conquista para esse gigante latino-americano chamado
Brasil.
Porém, o que chamou atenção
desde o começo da disputa do segundo turno não foram esses números, mas sim a
onda de intolerância e preconceito que as redes sociais protagonizam.
O Brasil hoje vive uma
campanha política baseada em ataques, tendência que já criou um ambiente de
Guerra Fria entre Norte/Nordeste e Sul/Sudeste – ou seja, entre eleitores da
Dilma e do Aécio.
Considerando as preferências
políticas dessas regiões do Brasil, os eleitores começaram a se discriminar
mutuamente. Enquanto os conservadores insultam os nordestinos, os progressistas
atacam os paulistas – com menos agressividade, mas não deixa de ser um ataque.
Essa prática surge por duas
razões: o rechaço absoluto pelas ideias dos rivais e o orgulho em defender um
determinado projeto de governo.
E ambas provêm diretamente
do fanatismo partidário.
Essas posturas de apoio
incondicional e oposição desenfreada criam eleitores cegos, limitando-os a certas
ideias subjetivas que têm uma base de realidade, mas que também subestimam a
complexidade da mesma ao propor somente visões parciais e partidaristas.
Ou seja, a polarização
dessas eleições chegou a um nível em que tucanos e petistas declarados atingiram
massivamente o fanatismo político, onde o partido que apoiam é “perfeito” e o
rival “só tem defeitos”.
A mídia no geral também contribui para a
difusão desse sentimento, pois ela também está polarizada.
Quem só lê meios de
comunicação de uma mesma visão ideológica, automaticamente começa a identificar
as ideias rivais e passa a odiá-las – sentimento que nunca é positivo para
ninguém.
E isso serve tanto para os
leitores da Grande Imprensa como os da Imprensa Alternativa.
A primeira sempre promoveu a visão de que o Bolsa Família só serve para "comprar" votos para os petistas - visão limitada e partidarista - e a segunda sempre mostrou que os conservadores são preconceituosos e tendem a ignorar as necessidades de seu próprio povo - conclusão subjetiva que não corresponde com a complexidade da realidade.
O rechaço pelo
projeto rival e o ataque ideológico existem em ambos os pontos de vista e são
constantemente transmitidos ao leitor, que pode chegar ao fanatismo partidário caso não
tenha doses de equilíbrio e de bom senso.
A realidade sempre será uma mistura contrastada e comprovada entre os diversos pontos de vista presentes na sociedade - as pessoas são tão subjetivas que é necessária uma visão geral para chegar a conclusões reais.
Ninguém é tão ruim a
ponto de não oferecer nada positivo ao país e ninguém é tão bom a ponto de não
cometer erros.
Os dois modelos de governo
propostos nesse segundo turno não oferecem a glória ou a devastação total do Brasil.
São simplesmente projetos diferentes, cada um com suas virtudes e defeitos, assim
como todo ser humano.
Um deles é mais voltado aos
ricos enquanto o outro é dirigido aos pobres. Pronto.
Cada classe social vota de
acordo com seus interesses próprios.
Os ricos votam em quem lhes favorece,
e o mesmo ocorre com os pobres. Qual é a dificuldade de entender isso sem ódio
no coração?
Cada um tem suas
preferências e elas devem ser respeitadas em qualquer Democracia.
O orgulho cego e o fanatismo
partidário só segregam o país e aumentam a discriminação dos coletivos da sociedade.
É necessário equilíbrio e
respeito para não acreditar – e difundir – visões preconceituosas do mundo.
Quem vota no PT não é necessariamente
um ignorante, como sugeriu FHC. É uma pessoa que da mais importância aos
interesses dos pobres que aos dos ricos, pois o Governo Dilma desfavorece o mercado para conseguir conquistas sociais que nunca existiram no Brasil.
Por outro lado, quem vota no
PSDB não é necessariamente um conservador preconceituoso. É uma pessoa que se
importa mais com o interesse das classes favorecidas do que com as ajudas
sociais de parte da população, pois Aécio favorece quem tem mais oportunidades
na meritocracia.
O resto são conclusões
subjetivas limitadas que, como dito antes, têm uma base real, mas incompleta,
pois contém altas doses de paixão partidarista.
Esse fanatismo só divide o
país e favorece o radicalismo político que limita o debate democrático e cega a sociedade diariamente.
O respeito, a compreensão e
o desejo de melhora geral são valores que convencem eleitores e dão mais
qualidade ao debate democrático formando cidadãos politicamente cultos e não
máquinas de difundir ideias preconcebidas e manipuladoras.
Então se você é eleitor da
Dilma e não suporta seus amigos "coxinhas", faça um esforço extra para
respeitá-los e para mostrar seu ponto de vista sem fazer juízos de valor que só
limitam seu próprio conhecimento.
E se você é eleitor do Aécio
e não suporta os "esquerdistas", faça também um esforço para entender outras
ideologias que tornam o exercício Democrático mais completo e diferenciado. Não
julgue para não ser julgado.
Estudem, encontrem fundamento para suas crenças e debata com nível.
Essa radicalização de ataques na disputa eleitoral só
atrapalha o consenso entre partidos e aumenta essa polarização que tanto limita o conhecimento político dos cidadãos.
Discutir, debater e aceitar
posições diferentes estabilizam a Democracia e criam eleitores conscientes.
Atacar, discriminar e fazer
juízos de valor sem boas intenções são práticas dignas de Ditadura que devem ser imediatamente extirpadas
da sociedade para dar lugar a ações que valham a pena de verdade.
Fica a dica.
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