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Notícia do O Globo destaca a simpatia entre os blogueiros entrevistados e o PT |
Depois da entrevista de
Dilma Rousseff a blogueiros progressistas na tarde de ontem (26/09), os jornais
da Grande Imprensa mais uma vez destacaram (aqui, aqui e aqui) a relação política
entre blogosfera e PT.
Não há nada de errado em
falar sobre o partidarismo dos chamados “blogs sujos” – eles mesmos fazem
questão de deixar sua postura política clara.
O problema surge quando os
jornais que denunciam o partidarismo alheio se declaram apartidários, como se
não tivessem preferência pelo projeto neoliberal – hoje representado pelo PSDB
e por Marina Silva.
Isso ocorre porque, na mente
dos jornalistas da Grande Imprensa, essa declaração significa perda de
credibilidade e, consequentemente, de audiência; dois elementos fundamentais
para a sobrevivência do jornalismo.
O esclarecimento do leitor,
portanto, não é o principal objetivo do jornalismo da Grande Imprensa. Caso
fosse, os jornais fariam um ato de transparência declarando seu próprio partidarismo.
Mas não. Preferem sacrificar um maior entendimento político da audiência para assegurar sua própria credibilidade.
E essa postura traz consequências
negativas para a sociedade.
Nos comentários das notícias
dos grandes jornais do país é possível encontrar muitas pessoas dizendo, por
exemplo, que “a Folha de S. Paulo é petista”.
Percebem a que nível chegou
a consequência da informação “imparcial” veiculada na Grande Imprensa?
Essa distorção na percepção
da sociedade é consequência da falta de diversidade de ideologias nos grandes meios
de comunicação do país.
A teoria do enquadramento explica
esse fenômeno dizendo que os jornais mostram a realidade para sua audiência segundo
um determinado ponto de vista.
Explica a formação da
opinião pública colocando metaforicamente toda sociedade dentro de uma casa
fechada. Lá dentro, as pessoas observam o mundo através de janelas com tamanho
e direção limitada – o tamanho faz referência ao poder de influência do meio de
comunicação e a direção é a ideologia do mesmo.
Se uma sociedade possuiu grande
variedade de janelas, com diferentes tamanhos, direções e características,
poderá ver mais partes do lado de fora.
Uma sociedade que vive um
regime ditatorial teria uma única janela grande, por exemplo: o Governo totalitário
só permite uma única visão do mundo, que é a sua.
No Brasil, as grandes
janelas do país estão voltadas para uma única direção – são a visão
conservadora da sociedade. As de outras ideologias, que mostram outras partes
da realidade, são menores e tem menos expressão dentro da “casa”.
Tendo em vista o tamanho dos
grandes meios de comunicação do país, a maioria das pessoas vai olhar a
realidade através de janelas grandes. E essas pessoas verão a mesma parte do
mundo. Se ignorarem ou não descobrirem as janelas menores que mostram outras
partes da realidade, acreditarão somente no que as grandes janelas mostram. E
isso deturpa seu entendimento dos fatos “lá de fora”.
Dessa forma terão uma
opinião condicionada ao que veem nos grandes meios de comunicação.
Ou seja, quando existe
oligopólio econômico e ideológico na imprensa, os grandes jornais condicionam a
opinião da audiência, fazendo-a acreditar que o que veem nos grandes jornais é
a realidade pura.
Dessa forma, os cidadãos só
veem o que a imprensa vê – ou quer que eles vejam. Tudo que fica fora do campo
de visão de um jornal também é deixado de lado pela audiência.
Não é muito poder para um
único grupo fechado e selecionado de empresas?
A situação pira quando essa influência
é usada para atingir objetivos particulares dos grupos de comunicação.
Um exemplo. Eles derrubaram
a PEC 37 fazendo a audiência acreditar que ela favorece a impunidade em casos
de corrupção. Independente de ser ou não uma medida positiva para o país, a
Rede Globo conseguiu acabar com a proposta com um ou dois editoriais de Arnaldo Jabor no Jornal da Globo.
Com métodos similares, também
“criminalizam” o debate sobre a regularização da imprensa para que os cidadãos
nem cogitem a ideia de limitar economicamente seus poderosos impérios
midiáticos.
Ou seja, a Grande Imprensa usa
sua influencia sobre os cidadãos para, justamente através deles, conseguir
objetivos que, na verdade, não favorecem a sociedade.
É
como se um patrão usasse o sindicato da categoria para conseguir diminuir os
Direitos trabalhistas dos funcionários.
Por esse motivo, a concentração
de poder na imprensa é completamente abominada na Europa, território onde
existem Democracias mais estáveis que a brasileira.
Para estabilizar a situação
do Brasil é preciso seguir o exemplo dessas Democracias e realizar uma reforma
profunda que limite a quantidade de meios de comunicação dos conglomerados.
Enquanto esses grupos
tiverem tanto poder de influência dentro da sociedade, o debate democrático do
Brasil ficará limitado ao que eles defendem. E esses interesses no geral não
correspondem com os da maioria pobre que formam a sociedade brasileira. Então é
preciso mudar esse panorama.
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