As entrevistas da Rede Globo vêm sendo um espetáculo à parte nessas
eleições.
Com tom agressivo e perguntas molestas aos candidatos, os jornalistas
sempre buscam colocar o entrevistado em xeque.
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Entrevista de Dilma Rouseff ao Jornal Nacional |
Essa postura pode ser considerada jornalismo sério. Obviamente os candidatos
não são bajulados. Mas existe um “porém” que questiona o comportamento dos
entrevistadores globais.
Um político vai a entrevistas desse tipo para falar diretamente aos eleitores.
Um jornalista faz entrevistas para oferecer informação à sua audiência.
Mas, quando o jornalista pretende assumir o protagonismo da entrevista,
interrompendo o entrevistado constantemente, os papéis se confundem.
A pergunta precisa do jornalista, que intimida o entrevistado e convence
o espectador através da retórica, ganha mais destaque do que a resposta difusa
do candidato. Ou seja, nessas entrevistas o jornalista tem um papel mais
importante que o entrevistado. O primeiro ataca, o segundo explica como pode.
A única forma de quebrar essa confusão é ter respostas claras e evitar
interrupções, como Dilma fez na última entrevista do “Bom Dia Brasil”, também
da Rede Globo. Ela não aceitou ser cortada por comentários e se impôs diante da
insistência dos entrevistadores.
Mas, inclusive nesse caso, os jornalistas conseguiram protagonismo ao
falar sobre as “erratas” dos dados da Presidenta no final do quadro.
Ora, por que um jornal quer tanto protagonismo a ponto de deixar o
entrevistado em segundo plano?
Qual é a motivação para esses ataques diretos? Escutar a explicação do
candidato? Ajudar o eleitor a formar sua opinião?
Talvez sim. Mas os candidatos pouco explicam e o eleitor praticamente
não muda seu entendimento da Política, pois os assuntos tratados no geral não
são muito exploráveis.
Então existe algo a mais...
Com a busca pelo protagonismo, os jornalistas aparentemente querem
mostrar algo ao espectador, como se quisessem fazer ataques pessoais para
conquistar votos.
Mas, votos para quem?
Ora, para si mesmo!
“Votos” de confiança: credibilidade para o veículo de comunicação. O
espectador confia no que o jornal diz e, por isso, não questiona o que escuta.
Portanto, a busca central não é nem por audiência.
O que a Rede Globo busca é credibilidade.
E o contexto da Internet ajuda a entender essa decisão da emissora.
Hoje, mais do que nunca, a credibilidade das televisões é constantemente
questionada na blogosfera e em meios de comunicação progressistas.
Cada vez mais blogs e jornais denunciam diariamente as coberturas
parciais da Grande Imprensa.
Isso é péssimo para a credibilidade de qualquer meio de comunicação que
se afirma apartidário – como é o caso dos jornais da Grande Mídia. Mas eles têm
mecanismos para confirmar sua neutralidade.
O Padrão Globo de Entrevistas é um deles.
Atacando todos os candidatos, os jornalistas mostram que estão do “lado
do povo”, que não tem preferência política. E, com isso, ganha pontos com os
espectadores menos esclarecidos.
Essas pessoas não conseguem detectar o partidarismo da Rede Globo em
notícias normais.
Quando veem a emissora atacando candidatos sem exceção, supõem que ela
não apoia ninguém.
Portanto, essas entrevistas são mais uma forma de robustecer uma imparcialidade
artificial. Falsa, porque não existe jornalismo completamente imparcial.
Se a Rede Globo realmente quisesse acrescentar ideias ao debate
democrático, como afirma, iria diretamente ao ponto central do debate nesse
ano, que é a disputa entre dois projetos de governo: o neoliberal de Marina e
Aécio ou o desenvolvimentista da presidenta.
Explicaria de forma simples quais são as diferenças entre os dois e,
dessa forma, prestaria um ótimo serviço aos espectadores.
Mas isso não interessa aos Senhores Marinho. Eles têm interesse na falta
de conhecimento do povo.
Então preferem simplesmente atacar os candidatos, criando um circo que
limita o debate de ideias na televisão.
Para as Organizações Globo, é o formato perfeito de entrevistar. Por
isso virou o Padrão Globo de Entrevistas.
Mais uma forma de manter a confiança de uma audiência que cada vez mais
duvida das Organizações Globo.
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