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Oposição comemora fim do Decreto Presidencial (28/10) / Foto: Jornal GGN |
Sempre que surge uma nova medida progressista na agenda política do país, aparece a mídia para dar seus “pitecos” sobre o assunto.
Até esse ponto, sem problemas. É dever do “quarto poder” esclarecer o leitor sobre os acontecimentos políticos de interesse público do país.
Porém, considerando que a mídia brasileira funciona sob um regime de oligopólio econômico e ideológico, onde os grandes meios de comunicação pertencem a poucos conglomerados que têm a mesma ideologia, o cidadão brasileiro forma sua opinião através de um único ponto de vista ou enfoque: o conservador.
Esse panorama midiático encontra oposição na Internet e na mídia progressista, que cada dia cresce mais. Porém, a massiva audiência dos conglomerados de imprensa do Brasil favorece a imposição da visão conservadora na sociedade.
É nesse sentido que o Decreto 8.243, regulador da Política Nacional de Participação Social, encontrou forte oposição na sociedade.
Desde o lançamento do decreto, no dia 23 maio de 2014, a mídia usa uma estratégia padrão para frear o avanço da medida.
No dia 29 de maio, o diário O Estado de S. Paulo publicou um editorial que alertava o cidadão de uma “mudança de regime”, qualificando a medida como uma ação oportunista do Governo Dilma, que “felizmente desistiu da Assembleia Constituinte”.
Antes disso, os grandes jornais que pertencem à Grande Mídia lançaram notícias em que juristas qualificavam o projeto de inconstitucional e “bolivariano”.
O objetivo principal é relacionar o projeto ao bolivarianismo da Venezuela, país que vive uma Democracia com fortes traços ditatoriais desde o governo de Hugo Chávez; o que confirma a fantasiosa teoria oposicionista de que o PT pretende instaurar uma Ditadura Comunista no país.
Através da descontextualização das informações publicadas, a Grande Mídia consegue transmitir o que quer, induzindo o leitor a acreditar num ponto de vista similar ao seu.
Com essa tendência de publicar fatos não contextualizados, a Grande Imprensa ignora, por exemplo, a existência atual de conselhos populares e sua tarefa propositiva. Ou seja, optam por não contar ao leitor que esses conselhos já existem – FHC realizou 21 conferências temáticas que auxiliaram na elaboração de Políticas Públicas – e que sua tarefa é meramente propositiva – os conselhos não impõem uma forma de fazer a política pública, pois somente propõem uma diretriz, que pode ser seguida ou não pelo governante.
Dessa forma, destacam informações que favorecem seu objetivo – derrubar a medida progressista – em detrimento de outras que surgiriam em qualquer cobertura imparcial sobre o assunto.
O uso de “especialistas” é outra técnica de manipulação usada frequentemente em situações desse tipo.
As fontes de informação de notícias da mídia – que, nesse caso, são juristas – sempre dizem aquilo que o jornalista pretende. Dessa forma o jornal opina em notícias supostamente imparciais, induzindo o leitor a acreditar exatamente naquilo que ele quer.
Os juristas, nesse caso, falaram de inconstitucionalidade e de bolivarianismo, expressando a opinião dos meios de comunicação da Grande Mídia.
Nenhuma fonte diz, por exemplo, que o Decreto só regulariza os conselhos para que o Governo entenda melhor as necessidades e as vontades da população.
É verdade que o texto necessita especificidades para garantir que os mesmos não sejam dominados politicamente por movimentos sociais simpáticos ao PT, como o MST, porém, a intenção dos conservadores não é melhorar o projeto, mas sim derrubá-lo diretamente.
As manifestações do ano passado praticamente imploraram mais representatividade e participação no sistema político atual.
Muitos se queixavam do Congresso, alegando que os deputados não representam a sociedade, pois atuam segundo seus próprios interesses.
O curioso é que, quando aparece uma medida que incentiva a participação popular mediante a sugestão de diretrizes para uma Polícia Pública, boa parte da população se mostra contra o projeto, dizendo que ele tira representatividade do Congresso Nacional.
Que sentido tem essa postura?
Quem tem interesse nesse pensamento?
Obviamente não é somente a mídia, pois a sociedade brasileira é conservadora por natureza. Mas o enfoque tendencioso dos grandes maios de comunicação ainda exerce forte influência.
Como o oligopólio controla rádios, televisões, revistas e gigantescos portais na Internet, o cidadão não tem para onde correr: uma hora ou outra ele vai se deparar com o ponto de vista da Grande Imprensa.
Dessa forma a estratégia atinge uma parte significativa da população.
O Senado ainda vai votar sobre o Projeto de Decreto legislativo, que derruba o decreto 8.243 de Dilma.
Porém, a falta de pluralidade e de equilíbrio ideológico na mídia favorece somente quem é dono do poder: os congressistas e os donos dos conglomerados de imprensa, pois a ideologia conservadora mantém a concentração de influência e de renda na sociedade.
O cidadão que tem o direito de receber informação plural e contrastada fica de lado.
Assim como as pautas progressistas, que muitas vezes acabam derrotadas pelo desequilíbrio de forças na Democracia brasileira.
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