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Xico Sá e os tweets publicados no domingo (11/10) / Foto: Brasil 247 |
O escritor e jornalista Xico
Sá pediu demissão da Folha de S. Paulo depois de ser proibido de publicar sua
declaração de voto na coluna semanal que tem desde 2011. Segundo Sérgio D’ávila,
editor-executivo do jornal, a intenção de Xico "fere a política do meio de
comunicação", que aconselha os colunistas a “evitar fazer proselitismo eleitoral
em seus textos”.
“Se quiserem podem escrever
artigo em que revelam seu voto e defendem candidatura na pág. A3 da Folha. Esta
opção foi dada a Xico Sá, que recusou a oferta”, declarou Sérgio em um email
enviado ao jornal digital Brasil 247 que confirmava o pedido de demissão.
No domingo (11/10), Xico disparou ataques no
Twitter chamando o jornal de “Imprensa burguesa”. Ele também declarou voto em
Dilma Rousseff e perguntou “por que não investigar todos”?, em tweets que vem
ganhando repercussão nas redes.
A postura da mídia
Depois da confirmação, a
notícia e as declarações de Xico rapidamente saíram em diversos meios de
comunicação progressistas que costumam fazer contraponto às informações
veiculadas na Grande Imprensa – além, claro da oposição ideológica que existe
entre ambos os da mídia.
Os ataques à imprensa
conservadora e ao candidato Aécio Neves motivam a exploração do tema por parte
dos progressistas e a imprensa alternativa vai fazer o possível para manter o
assunto em pauta para afetar a credibilidade do grande jornal conservador.
Por outro lado, a postura da
Folha é, no mínimo, contraditória.
O “proselitismo” nas colunas
semanais do jornal paulista é algo visível em diversos textos de muitos colunistas. Não declaram voto diretamente, pelo visto graças à uma política pouco transparente
do jornal, mas colunistas como Gregório Duduvier ou Reinaldo Azevedo
semanalmente fazem textos recheados de referências partidárias e eleitorais.
Hoje mesmo Gregório
praticamente declarou voto em Dilma. Não disse literalmente, mas sim excluindo
os motivos para votar em Aécio.
A política do da Folha não
permite a declaração de voto explícita para não afetar a credibilidade criada pelo
apartidarismo artificial e irreal. A Folha vem buscando essa neutralidade
através de ataques aos dois lados, uma tentativa de imparcialidade que, no
fundo, não passa de parcialidade alternada.
Essa postura do jornal surge
quando a neutralidade é confundida com a publicação alternada de matérias
negativas.
Obviamente essa prática
diminuiu no segundo turno, pois as matérias negativas tem praticamente só o PT
como prejudicado.
Mas por esse medo de perder
credibilidade, a Folha opta por não ser transparente com seus leitores. Com
isso, alguns deles acreditam na fantasiosa preferência “petista” do jornal,
principalmente depois de ler colunas como a que Xico Sá publicaria hoje.
As intenções do jornal
conservador podem não ser ruins, pois apontam para a tão sonhada objetividade total,
porém, a declaração de apartidarismo para alguns cidadãos é receita para conclusões
equivocadas da realidade. É uma distorção, uma manipulação limitada do que
realmente acontece.
Xico Sá não foi o primeiro e
não será o último a abandonar um meio de comunicação da Grande Imprensa por
questões ideológicas. Ele “se uniu” ao grupo de Azenha
e Rodrigo Vianna e é mais um a ser expulso por divergências políticas com os
conservadores “apartidários”.
Só essa circunstância já
mostra que a Grande Imprensa tem postura clara e que a mesma é neoliberal.
Afinal de contas, dificilmente aparece algum tucano expulso por motivos
ideológicos dos principais jornais do país.
Muito pelo contrário. Estão
lá e ganham muito bem para falar o que os poderosos querem dizer e ouvir.
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