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A ex-colunista da Folha Eliane Catanhêde |
Ao todo, 13 jornalistas
foram demitidos do diário Folha de S. Paulo até a última quarta-feira (05/11).
Entre os demitidos estão
dois colunistas importantes para o diário paulista: Eliane Castanhêde e
Fernando Rodrigues, que anunciaram na Internet seus desligamentos do jornal.
A Folha informou que as
demissões foram realizadas motivos econômicos, o que naturalmente desperta a
ideia de crise nos jornais impressos do país.
Ao contrário da Europa, o
século XXI foi satisfatório para o jornalismo impresso de países emergentes
como o Brasil. Nos últimos anos houve uma queda de circulação, mas até 2008 a
curva era crescente.
A baixa
atual se deve principalmente ao crescimento da demanda e oferta informativa na
Internet, potencializada pelo uso de tecnologia móvel.
Com
o crescimento do mercado de tablets e smartphones, o jornalismo impresso perdeu
força para o digital.
É
então que aparece outra crise na profissão: a de qualidade técnica e ética.
Muitas
redações na Europa tiveram problemas financeiros causados pela Crise Econômica
Mundial. Com isso, foram “obrigados” a cortar gastos, assim como a Folha.
Começaram
pelos maiores salários, que naturalmente pertencem aos jornalistas mais
experientes e melhor formados.
Assim
sendo, a qualidade do jornalismo dessas redações caiu junto com a folha
salarial, pois houve saída de grandes jornalistas e aumento de estagiários, que
fazem um serviço similar aos sêniores, mas com menor preço e qualidade
minimamente satisfatória – o que é visto com bons olhos pelos barões da mídia.
Esse
detalhe já ocorre no Brasil e no futuro pode ser fatal para a profissão, pois, na Era da
Informação, qualquer um pode ser jornalista.
Conhecendo
os gêneros – reportagem, notícia, editorial, artigo, etc. – e entendendo um
pouco da responsabilidade do profissional da comunicação, um cidadão comum pode
exercer jornalismo.
As
grandes diferenças entre um jornalista profissional e um cidadão são, no geral,
a qualidade do texto, o correto conhecimento dos critérios do processo de produção e o conhecimento ético necessário para equilibrar as
publicações.
Se
as redações não apostarem nesses quesitos, perderão espaço para o jornalismo
cidadão de blogs e sites, pois sua credibilidade será questionada.
A
situação atual favorece esse avanço.
Segundo
a Pesquisa Brasileira de Mídia 2014, feita pela Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República –Secom -, o público ainda confia mais no
jornalismo televisivo, radialista e impresso que as publicações digitais de
sites e blogs.
O
jornalismo impresso é o mais confiável, 53% dos entrevistados responderam que
confiam “sempre ou muitas vezes” em notícias publicadas em jornais físicos. TV e rádio ficaram
empatadas tecnicamente com 49% e 50%.
A
pesquisa também abordou a confiança de revistas – 30% -, sites – 28% - e blogs –
22%.
Os jornalistas,
portanto, devem aproveitar essa confiança para fortalecer a fidelidade do
público.
Curiosamente,
os dados dos entrevistados mais jovens – que têm entre 16 e 25 anos – são
similares à média geral do país, o que indica continuidade de modelo para o futuro.
Por
outro lado, a pesquisa também apontou que a Internet é o meio de comunicação
que mais cresce no Brasil, sendo especialmente usada pela faixa etária mais
baixa dos entrevistados – 78% dos entrevistados mais jovens declara acessar a
rede diariamente.
Com
esses dados em mãos, é possível concluir que, de fato, o futuro é digital.
Essa
conclusão não significa que o jornalismo impresso acabará em um futuro não distante. Mas aponta
uma baixa, principalmente ao levar em conta as relações estreitas que
bebês e crianças pequenas têm com tablets, celulares e computadores.
Esse
conhecimento permite previsibilidade, o que é uma oportunidade de
preparo.
Na Internet, a mídia tem milhões de ombudsman - profissional de mídia que critica a cobertura de jornais. Necessita corrigir erros e manter a credibilidade para não ser questionada a ponto de perder muita audiência.
Para
isso, será necessária uma autocrítica que indique com clareza as
falhas atuais do jornalismo e uma posterior evolução que supere esses dilemas e afaste o jornalismo profissional do jornalismo cidadão.
Segundo
editorial de Carlos Alberto Di Franco no Estadão, os problemas gerais do
jornalismo atual são o engajamento ideológico que condiciona a objetividade de
publicações, a escassa especialização e preparo técnico de jornalistas, a falta
de apuração de informações, a reprodução acrítica de declarações não
contrastadas com fontes independentes e a fácil concessão ao jornalismo
declaratório.
É
preciso superar esses problemas com conhecimento, qualidade jornalística e ética para não causar uma
crise de credibilidade no jornalismo, pois na Era da Informação, a mentira tem
perna curta – e a credibilidade também.
Se as empresas de mídia repetirem a campanha que realizaram no segundo turno, terão sérios problemas para convencer os leitores não polarizados de que realizam jornalismo sério.
O
momento atual é uma oportunidade de avanço técnico e ético para o jornalista.
Ou
melhor, mais que uma oportunidade, o jornalista tem a necessidade de buscar a
objetividade de forma incondicional e de respeitar a função do quarto poder,
que é informar o cidadão de forma isenta.
O foco deve ser, portanto, a formação de opinião, não a conquista de votos.
Qualquer postura jornalística que fuja do princípio báscio da profissão será condenada com perda de credibilidade e de reconhecimento,
fazendo com que as publicações profissionais não passem de uma informação a
mais entre os bilhões de notícias e artigos de opinião que diariamente correm
nesse meio de comunicação chamado Internet.
O futuro da midia no Brasil é digital.
ResponderExcluirNa era da informação e novas tecnologias quem quiser pode ser jornalista!
O que vem acontecendo com as velhas mídias...
O jornalismo impresso perdeu espaço para o digital. As receitas diminuiram, políticos e empresas anunciantes que 'ditam normas' tendem a sumir por pressão do povo... então, as redações demitem jornalistas experientes e dão lugar a estagiários mal pagos que comprometem a qualidade do conteúdo. Com isso, o jornalismo deve se reinventar: ou melhora sua qualidade, se alinha aos movimentos populares e novas tecnologias para manter a credibilidade ou será tragada pelo jornalismo cidadão da Internet, mais ou menos por aí.
A Folha enlouqueceu!!! Dispensar Eliane Castanhêde é um ato de loucura.
ResponderExcluirem um mundo , aonde tudo e descartável ,castanhêde entre outros pseudos, talvez já não sejam mais tão impressindivel.
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