Foco na Mídia

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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O futuro do jornalismo depende de uma melhora técnica e ética

A ex-colunista da Folha Eliane Catanhêde

Ao todo, 13 jornalistas foram demitidos do diário Folha de S. Paulo até a última quarta-feira (05/11).

Entre os demitidos estão dois colunistas importantes para o diário paulista: Eliane Castanhêde e Fernando Rodrigues, que anunciaram na Internet seus desligamentos do jornal.

A Folha informou que as demissões foram realizadas motivos econômicos, o que naturalmente desperta a ideia de crise nos jornais impressos do país.

Ao contrário da Europa, o século XXI foi satisfatório para o jornalismo impresso de países emergentes como o Brasil. Nos últimos anos houve uma queda de circulação, mas até 2008 a curva era crescente.

A baixa atual se deve principalmente ao crescimento da demanda e oferta informativa na Internet, potencializada pelo uso de tecnologia móvel.

Com o crescimento do mercado de tablets e smartphones, o jornalismo impresso perdeu força para o digital.

É então que aparece outra crise na profissão: a de qualidade técnica e ética.

Muitas redações na Europa tiveram problemas financeiros causados pela Crise Econômica Mundial. Com isso, foram “obrigados” a cortar gastos, assim como a Folha.

Começaram pelos maiores salários, que naturalmente pertencem aos jornalistas mais experientes e melhor formados.

Assim sendo, a qualidade do jornalismo dessas redações caiu junto com a folha salarial, pois houve saída de grandes jornalistas e aumento de estagiários, que fazem um serviço similar aos sêniores, mas com menor preço e qualidade minimamente satisfatória – o que é visto com bons olhos pelos barões da mídia.

Esse detalhe já ocorre no Brasil e no futuro pode ser fatal para a profissão, pois, na Era da Informação, qualquer um pode ser jornalista.

Conhecendo os gêneros – reportagem, notícia, editorial, artigo, etc. – e entendendo um pouco da responsabilidade do profissional da comunicação, um cidadão comum pode exercer jornalismo.

As grandes diferenças entre um jornalista profissional e um cidadão são, no geral, a qualidade do texto, o correto conhecimento dos critérios do processo de produção e o conhecimento ético necessário para equilibrar as publicações.

Se as redações não apostarem nesses quesitos, perderão espaço para o jornalismo cidadão de blogs e sites, pois sua credibilidade será questionada.

A situação atual favorece esse avanço.

Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia 2014, feita pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República –Secom -, o público ainda confia mais no jornalismo televisivo, radialista e impresso que as publicações digitais de sites e blogs.

O jornalismo impresso é o mais confiável, 53% dos entrevistados responderam que confiam “sempre ou muitas vezes” em notícias publicadas em jornais físicos. TV e rádio ficaram empatadas tecnicamente com 49% e 50%.

A pesquisa também abordou a confiança de revistas – 30% -, sites – 28% - e blogs – 22%.

Os jornalistas, portanto, devem aproveitar essa confiança para fortalecer a fidelidade do público.

Curiosamente, os dados dos entrevistados mais jovens – que têm entre 16 e 25 anos – são similares à média geral do país, o que indica continuidade de modelo para o futuro.

Por outro lado, a pesquisa também apontou que a Internet é o meio de comunicação que mais cresce no Brasil, sendo especialmente usada pela faixa etária mais baixa dos entrevistados – 78% dos entrevistados mais jovens declara acessar a rede diariamente.

Com esses dados em mãos, é possível concluir que, de fato, o futuro é digital.

Essa conclusão não significa que o jornalismo impresso acabará em um futuro não distante. Mas aponta uma baixa, principalmente ao levar em conta as relações estreitas que bebês e crianças pequenas têm com tablets, celulares e computadores.

Esse conhecimento permite previsibilidade, o que é uma oportunidade de preparo.

Na Internet, a mídia tem milhões de ombudsman - profissional de mídia que critica a cobertura de jornais. Necessita corrigir erros e manter a credibilidade para não ser questionada a ponto de perder muita audiência.

Para isso, será necessária uma autocrítica que indique com clareza as falhas atuais do jornalismo e uma posterior evolução que supere esses dilemas e afaste o jornalismo profissional do jornalismo cidadão.

Segundo editorial de Carlos Alberto Di Franco no Estadão, os problemas gerais do jornalismo atual são o engajamento ideológico que condiciona a objetividade de publicações, a escassa especialização e preparo técnico de jornalistas, a falta de apuração de informações, a reprodução acrítica de declarações não contrastadas com fontes independentes e a fácil concessão ao jornalismo declaratório.

É preciso superar esses problemas com conhecimento, qualidade jornalística e ética para não causar uma crise de credibilidade no jornalismo, pois na Era da Informação, a mentira tem perna curta – e a credibilidade também.

Se as empresas de mídia repetirem a campanha que realizaram no segundo turno, terão sérios problemas para convencer os leitores não polarizados de que realizam jornalismo sério.

O momento atual é uma oportunidade de avanço técnico e ético para o jornalista.

Ou melhor, mais que uma oportunidade, o jornalista tem a necessidade de buscar a objetividade de forma incondicional e de respeitar a função do quarto poder, que é informar o cidadão de forma isenta.

O foco deve ser, portanto, a formação de opinião, não a conquista de votos.

Qualquer postura jornalística que fuja do princípio báscio da profissão será condenada com perda de credibilidade e de reconhecimento, fazendo com que as publicações profissionais não passem de uma informação a mais entre os bilhões de notícias e artigos de opinião que diariamente correm nesse meio de comunicação chamado Internet.


3 comentários:

  1. O futuro da midia no Brasil é digital.

    Na era da informação e novas tecnologias quem quiser pode ser jornalista!

    O que vem acontecendo com as velhas mídias...

    O jornalismo impresso perdeu espaço para o digital. As receitas diminuiram, políticos e empresas anunciantes que 'ditam normas' tendem a sumir por pressão do povo... então, as redações demitem jornalistas experientes e dão lugar a estagiários mal pagos que comprometem a qualidade do conteúdo. Com isso, o jornalismo deve se reinventar: ou melhora sua qualidade, se alinha aos movimentos populares e novas tecnologias para manter a credibilidade ou será tragada pelo jornalismo cidadão da Internet, mais ou menos por aí.

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  2. A Folha enlouqueceu!!! Dispensar Eliane Castanhêde é um ato de loucura.

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  3. em um mundo , aonde tudo e descartável ,castanhêde entre outros pseudos, talvez já não sejam mais tão impressindivel.

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