Foco na Mídia

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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Operação Lava Jato reforça Impeachment, neoliberalismo ou Reforma Política?




A manifestação pelo Impeachment a Dilma e as prisões de executivos na Operação Lava Jato, que investiga os casos de corrupção na Petrobrás, dividem a sociedade e a mídia.

Como sempre, a divisão básica acontece entre Direita e Esquerda.

Enquanto a Grande Mídia, que representa o espectro conservador da imprensa, aproveita os pedidos de Impeachment e o avanço nas investigações na Petrobrás para desgastar o PT politicamente e dessa forma, ter mais influência nos rumos econômicos do país; a Imprensa Progressista interpreta o momento atual como um avanço na luta contra a impunidade e um momento que justifica a Reforma Política.

Ou seja, divisão absoluta nas interpretações e desejos.

Um lado usa os pedidos de Impeachment para justificar medidas neoliberais na economia, e o outro fortalece o discurso contra a impunidade e para fortalecer a Reforma Política que está na agenda desde o final do segundo turno.

Promover a implantação de políticas de austeridade é atualmente a principal pauta dos conglomerados de imprensa.

O país vive um momento que precede a escolha do Ministro da Fazenda, decisão que apontará os rumos econômicos do país nos próximos anos. Os conglomerados de mídia conhecem o peso dessa decisão e farão o possível para influir na escolha.

Assim sendo, aproveitam o desgaste político do Governo com a Operação Lava Jato e com os pedidos de Impeachment para enfraquecer uma nomeação mais à esquerda na pasta. 

Destacam a participação de partidos da base aliada no escândalo da Petrobrás e falam em crime de responsabilidade de Lula e Dilma no escândalo, como fez o Estadão em editorial desse domingo (16/11).

A Imprensa Progressista faz algo parecido, mas com outro foco.

Além de proteger a imagem do PT, argumentando que o país “nunca prendeu poderosos como hoje”; a esquerda midiática prefere destacar a ideia de que o escândalo da Petrobrás envolve todo sistema político, deixando claro que ele não é exclusivo dos partidos da base aliada.

Essa ideia provém do fato de que as construtoras investigadas na Operação Lava Jato estão entre as principais doadoras de campanhas de todos os partidos.

Ou seja, a imprensa progressista tem quase certeza de que as próximas revelações envolverão praticamente todas as legendas do Congresso, o que seria interpretado como um problema sistêmico, exigindo uma Reforma Política - e não um Impeachment.

Com essa postura, a os meios de comunicação progressistas evitam maiores desgastes na imagem da Presidenta e preparam o terreno para uma reforma profunda no sistema político brasileiro.

É possível concluir que sem a existência da Imprensa Progressista, Dilma teria reais possibilidades de sofrer um Impeachment nesse momento, pois essa demanda existe em grande medida em setores conservadores: Judiciário, MP, Mídia e na própria sociedade.

Suposições a parte, o momento atual é transitório: tudo depende da revelação dos nomes de políticos envolvidos nos escândalos de corrupção da Petrobrás.

Os envolvidos desconhecidos da investigação, que são os políticos, determinarão a futura postura de cada partido ou setor de mídia. Por isso hoje todos atuam com certa cautela.

Se a investigação envolver somente os partidos da base governista, a ideia de Impeachment será reforçada junto com as políticas neoliberais na economia, pois o Governo já estará desgastado politicamente e não se atreverá a comprar maiores brigas com a oposição.

Por outro lado, se for um escândalo que envolve muitos partidos, a Reforma Política ganhará mais força que nunca.

Mas, hoje, qualquer ataque exacerbado pode significar maiores perdas políticas no futuro, então todos eles são muito bem calculados.

É questão estratégica. Todos têm muito a perder, pois a hipocrisia às vezes cobra um preço caro na Política.

Quando a operação Lava Jato avançar mais um pouco será hora de definir a estratégia. Agora o país vive um momento de preparo – para Impeachment, neoliberalismo ou Reforma Política.

Só o futuro dirá o que acontece.


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